Do interior das Minas Gerais, para BH e daí para São Paulo, a artista plástica Josi - uma das vencedoras do Prêmio Pipa 2022 - elabora em suas séries interessantes reversões de valores, a partir de uma perspectiva bastante inclusiva, na forma, no conteúdo e, até, no próprio uso de materiais ecologicamente sustentáveis.

Destaque-se entre outros materiais não usuais, a artista plástica se utiliza de taquaras para suportes e "água de feijão preto", em diversos níveis de fervura, para elaborar sua paleta de cores e tons.

Acredito que são questões chaves que perpassam o trabalho dela: uma contravenção em relação a ênfase na "sofisticação" estética, ou como destacou uma amiga, "humildade", tanto no modo de se expressar suas vivências e práticas, quanto nos temas abordados. 

 De certa forma, fazendo um percurso teórico que só "aparentemente" surge como contrário a "essência" do complexo trabalho da artista, destaco a emergência nas obras de Josi de uma perspectiva decolonial - ou de "descolonização da mente e do conhecimento", nos termos de Thiong'O, para outros textos e contextos. 

Uma práxis que contesta a aura da obra de arte ainda presente extemporaneamente em padrões estéticos ainda hegemônicos, ao menos no senso comum, e reacionários - tão recorrentes no tempo presente. 

Uma obra que dialoga com as "escrevivências" de Conceição Evaristo, revaloriza a ancestralidade, visita tradições culturais tão recorrentemente menosprezadas. 

Em sua produção artistica, Josi esta bem acompanhada. Pois assim como outros instigantes artistas brasileiros contemporâneos, partir de uma aparente simplicidade, perlabora uma arte potente, 

politizada, 

pedagógica, contra-epistemicida.

Ou mais simplesmente, está ao lado de artistas que possibilitam ao diletante flanneur que vos escreve, admirar outras belezas, vivências e mundos "impossíveis".

Gratidão!

por VanRes1974

Para saber mais sobre a artista, acesso 

https://www.premiopipa.com/josi/