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Prof. Dr. Vander Resende, Doutorado em Lit Bras, pela UFMG; Mestre em Teorias Lit e Crít Cul, UFSJ

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

 111/24 Tem ouvido falar sobre o Pé de Meia?

Ontem, 05 fev 24, uns jovens de ensino médio me perguntaram quando eles começariam a receber o "Pé de meia".

Olhei com atenção para roupas, tênis, celulares e afins. Considero que eles estão na classe C ou, diga-se, Classe média baixa - o que deverá ser caracterizado em 2024 como uma renda familiar mensal em torno de 3.000 a 7.000.

Quando lhes expliquei quem teria direito, uns fizeram cara de "como assim", talvez outros tenha ficado meio revoltados - por que não terão direito -, e outros - que talvez beirem a classe B - rolaram os olhos. 

A pergunta e as respostas (físicas) demonstram uma falta de vontade de acessar informações básicas sobre assuntos que seriam de interesse próprio, por quem vive conectado. 

Também - e acho que essa decorre daquela, ou talvez só sejam correlatas, mas é o mais cruel - uma insensibilidade social quanto aos mais carentes. Algo que eu me esforço para que não deixe de assustar.

E além de manter o susto, essa falta de vontade de saber e a insensibilidade com quem quase nada tem, não deixam de me doer, a cada dia.

Então agradeço, que eu tenha vontade e acesso e sensibilidade e empatia para me emocionar com ideias como esta expressa por Vagner Freitas, ex-presidente da CUT.

"é importante destacar que essa iniciativa [pé de meia] não se trata apenas de um programa de assistência social, mas sim de um compromisso sério e estratégico com o desenvolvimento humano e econômico do país"Vagner Freitas.

Um pouco idealizante, quanto aos esperados efeitos do pé-de meia, creio, mas agradeço que esse é um tipo de leitura frequente em minha dieta de leitura.

Gratidão a autores e textos que me auxiliam a manter um pouco de sensibilidade. E isso não tem preço. 

E para manter essa sensibilidade (felizmente outros a tem, sem precisar disso), continuo realizando trabalho de Sísifo, para não avançar para a classe B.

O mais difícil, sinceramente, é resistir a pressão social e ao olhar reprovador, tão frequente. 

Só na última semana, mais ou menos assim.:

 A - "Você esconde o jogo, mas óbvio que você só consegue manter essa vida com alguma renda fora . Com um cargo só? Sem chance."

B - "Porque você parece resistir a usar seu doutorado? Como é que pode você estar aqui?";

C -  "Com o seu inglês fluente, por que você continua aqui?"  

Não deveria me afetar, mas como não sofrer os efeitos ?

Neste Brasil, de tamanha desigualdade (classe, étnico/racial, gênero, profissional, educacional, etária, etc.) tenho pensado muito, a quase uma década (desde que pedi exoneração de um cargo de servidor que me posicionaria hoje na classe média alta, segundo os parâmetros brasileiros) como manter 
- uma renda mínima razoável, 
- uma vida com o mínimo de dignidade, 
mas que não me desconecte
- da minhas raízes de filho de trabalhadores, 
- da proposta de colocar no mínimo a minha pegada de carbono.

Interrompo a digressão. 
Era para ser uma conversa sobre a insensibilidade de uns. 
Derivou para a insensibilidade de outros. 
E Essa é outra história, é melhor não articular. 

No momento, espero que ao menos o título do artigo de Vagner Freitas se realizem:  

"O "Pé de Meia" pode ser o pontapé inicial para combater a evasão escolar"

@vanres2016
06fev2024 20:15 as 20:36; 07fev24;



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