A Doutrina da Fotografia, Por Durs Grünbein, Traduzido da tradição inglesa de Karen Leeder na Poetry Foundation, rascunho
A Doutrina da Fotografia, por Durs Grünbein [Tradução]
A cidade onde cresci
não era uma cidade ocidental
nem uma cidade oriental.
Ficava ao norte da Boêmia, ao sul
da Groenlândia, abaixo da Suíça de arenito
em um vale fluvial, verde com campos.
Era o depósito no meio, o traseiro
de um gesto requintado em pedra —
uma suíte no Hotel “Velha Europa”.
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https://vanres1974.blogspot.com/2025/02/a-doutrina-da-fotografia-por-durs.html
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Presos sob camadas de papel de parede,
jornais de um mundo que já passou:
relatórios de voos de Zeppelin,
conferências da Liga das Nações,
"Diversos", ao lado de anúncios
de sutiãs e tábuas de passar roupa.
Mas a vista para o rio
estava bloqueada com barracas cinzentas
E a ala sul,
e a ala norte,
quebradas como o Palácio Barroco,
móveis dados como lixo.
Tudo isso de alguma forma encalhado:
os vapores e igrejas, as cúpulas.
E não muita vida no bar.
Mas então eu o encontrei um dia
lá nas margens, sob pregos enferrujados,
montes de porcas e parafusos
de máquinas há muito desmontadas,
fábricas expropriadas, demolidas,
eu o encontrei entre os ossos,
desenterrado por cães catadores,
costelas e vértebras, lascas
de humanos e animais, assim parecia —
a chave para a cidade.
E encontrei uma espécie de paz
E sabia onde eu estava,
e de onde eu vinha —
até que vi as fotografias,
não as que tenho em casa no álbum,
mas à venda na barraca do mercado de rua.
Imagens de arquivo, cartões postais
de cenas de rua, vistas da cidade
de entre as guerras, momentos
de uma vida passada,
algumas ainda com o carimbo
“impressão original, à mão”.
Passando pelas fachadas das casas, todas ainda intactas,
sobre as pontes, os amplos terraços,
ao longo do Königsufer, as margens
do Elba, pessoas caminhando, todas mortas agora,
mas as mais jovens em seus carrinhos de bebê.
Mães em casacos escuros e chapéus
estavam acorrentadas para sempre
a este ou aquele homem com uma pasta.
Em uma ilha de trânsito, um garoto
em lederhosen que nunca envelheceria,
olhando para o pôster
de “Riquet Cocoa Chocolate”.
“Alsberg Ladies Wear, Wilsdruffer Straße:
o novo traje de banho da Alsberg”.
E a beldade em meias de seda,
saindo do bonde, nº 11,
escolhida por acaso, e ela também,
fixada naquele lugar para sempre.
Todos eles transeuntes no tempo —
a garota na barraca de flores no Altmarkt,
aquela perto dos toldos listrados
na Prager Straße. Na estação
o relógio sempre às dez e meia.
Uma manhã que dura por [...]
continua em: Poetry Foundation
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