Rajadas de vento
vigorosos aqui dentro
Cuidado, aguarde um momento,
regule a respiração
sufoque a ousadia
contenha a distração
controle ventania;
aguarde dispersão,
descarte a epifania,
abafe a abstração,
direcione as ondas
E a minha singularidade?
não a emancipe
conduza-a,
regre-se,
muito eventualmente
, com atenção extrema,
em um nublado domingo invernal
retiro cadeado
abro a porta
. Entretanto, em nosso sobrado,
recomendo manter-nos protegidos,
muro alto com vidro estilhaçado,
cercas de arame farpado
gradil pontiagudo,
fio eletrificado,
E o prazer?
Um dia,
dessa forma,
em tempos de mais certezas,
poderia
soltar cães
libertar os sonhos
levar-me pela brisa quente
lutar contra moinhos de vento
deixar de me sentir estrangeiro
adentrar labirinto no milharal
lançar distante o novelo de Ariadne
E o ego?
Todavia, então, esse, talvez, esteja
, moribundo,
, adestrado,
, contido,
não lastimo
tantos subvivem
por quase um século
sem gozar o corpus vivo
sem vivenciar o vento nos cabelos
mas,
e o espanto?