"O tempo venta"
então não espere
mais do quê um momento
e o abafe
Como assim !?!?
disperse o vento
descarte a ousadia
contenha a ventania
sufoque as novidades
“Mas e as minhas ideias próprias?”
controle-as,
regule-as,
não as emancipe
“Mas e o prazer!”
Com cuidado
em dia de Saturno
tire o cadeado
abra a janela
mas não retire
nem grades
nem cercas farpadas
nem fios eletrificados
um dia, num futuro distante, poderás
soltar os cachorros
e libertar os sonhos
eles, talvez, já estejam
adestrados,
contidos
"Mas eu estarei decrépito,
moribundo"
Se deixar-se perder nesse eu
apenas revolverás a terra
e com o tempo
acabarás encurralado
e ensurdecido
em meio a tantos ruídos
"por que tantos sub-vivem
por tanto tempo
sem sentir
o corpus
vivo"
entranhe no reboco ou no gesso ou no adobe
ao encontrar
o prazer
a felicidade
a alegria
"na fonte mergulho
da ponte emerjo"
abafe-os
submerja
"Não!
Desejo
que me leve o vento,
que me guie o espanto”
@vanres2009
~2012
22/06/2024
Sumário: Miríade e Distopia (2004-2024) (Em construção: Coletânea de Poesias - 2004-2024)
O tempo venta
então espere um momento
para que o abafamento
disperse o vento
sufoque a ousadia
contenha a ventania
descarte as novidades
“Mas e as minhas ideias originais?”
controle-as,
regule-as,
não as emancipe
“Mas e o prazer!”
Com cuidado
No dia de Saturno
tire o cadeado
abra a janela
mas não retire
nem grades
nem cercas farpadas
nem fios eletrificados
um dia, num futuro distante, poderás
soltar os cachorros
e libertar os sonhos
eles, talvez, já estejam adestrados, contidos
e tu decrépito, moribundo
“como tantos sobrevivem por tanto tempo
sem comer o corpus vivo
Que me leve o vento
e o espanto”
Perder-se em um eu
revolver a terra
encurralado na mina
entranhe o reboco e o gesso e o adobe
ao encontrar
o prazer
a felicidade
a alegria
abafe-os
submerja
na fonte mergulhe
da ponte emerja