75-24 Atlantique, by Mati Diop
vidas devastadas
de trabalho sem pago
levam ao trânsito pelo atlântico
na esperança de um outro mundo
partidas da terra madrasta
amigos esperançosos
sem se emocionar
não se despedem
nem das amadas
viagem calma
o sol nascente
a terra em miragem
uma ventania
a fúria do mar tenebroso
a onda arrebenta
o barco parte quase ao meio
tantos medos
frustrações
quanto desespero
os que ficaram
possuídos pelos partidos
sem saber destino de sem refúgio
dos corpos se perderam no mar
para cobrar a falta do pago
os espíritos retornam
assombros e incêndios
espíritos vem e vão
retomam a posse
reflexos de mortos
em corpos febris
na noite incandescente
retornam e repartem
o amor se encontra
entre improváveis
Ada
“o sal do seu
corpo
no suor do meu”
@vanres2023
31jan24
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