Virada das Identidades 15jan24
Nas últimas décadas, sobretudo após a redemocratização, sobretudo a partir de 1979 a 1984 (em termos práticos), e a promulgação da Constituição de 1988 (em termos formais), vem ocorrendo a ampliação do que chamariamos "virada das identidades".
Essa virada se relaciona, resumidamente, à ampliação das políticas de reconhecimento do valor de identidades étnico-culturais historicamente marginalizadas no Brasil.
Uma transformação (se nem sempre prática, ao menos legal) que levou a submersão de uma concepção de identidade brasileira tradicional, ou digamos, estereotipadamente, uma identidade brasileira hegemônica.
Essa transformação ocorre, ao menos, nas universidades, nos centros culturais, museus e na mídia de grande audiência, alta circulação e alcance nacional (Redes de TV; rádios, revista, jornais). No caso, essa identidade brasileira hegemônica passava a ser problematizada e pensada como identidades (em termos raciais, étnicos e culturais, ao menos).
Esse processo ocorreria mesmo antes da explosão da revolução digital, que chegou no Brasil, ao longo dos anos 1990, e da quase universalização do acesso à rede mundial de computadores, ao smartphone e às redes sociais, a partir dos anos 2000.
Contudo, a revolução digital - que muito intensificou em termos liberais e progressistas essa problematização da identidade brasileira hegemônica - também tem ocasionado uma abertura para o retorno à esfera pública da defesa de identidades hegemônicas.
Consideremos esse retorno em relação as artes que tem sido denominadas negra, preta, ou afro-brasileiras.
Cada vez são mais recorrentes - no Brasil, na Europa, e nas 3 Américas - declarações (conservadoras) de que as artes estariam: em crise, em decadência, em estado terminal, perdendo a sua capacidade de crítica, sem valor estético, ...
Para tanto, utilizam-se de termos com conotação pejorativa como, entre outros:
identitarismo
wokeness
síntese identitária
sectarismo
guetização
etc.
Para os detratores da contemporânea virada da identidade, recomendo que tentem visitar algumas das exposições citadas em post anterior, sobre a arte Afro-Brasileira, para estabelecerem um juízo de fato, antes de emitirem juizos de opinião.
Juízos de opinião que, muitas vezes, me parecem desinformados, em relação à diversidade do cenário artístico atual.
Considere e analise de forma dialética:
exposições atuais;
catálogos de exposições anteriores;
livros e artigos de crítica e teoria;
Estes podem ser encontrados, em relação à cidade de São Paulo, em bibliotecas como:
MAC USP;
ECA USP;
IMS PAULISTA;
CCSP;
Etc;
Talvez percebam que há artistas afro-brasileir@s que produzem obras para todos os públicos, gostos, formações, valorações, ....
Ou não pesquisem, nem visitem exposições, nem analisem catálogos, nem críticas ou livros de história e teoria, e continuem a emitir juízos de opinião que sejam desinformados e preconceituosos e lacradores e canceladores, em relação à produções artísticas que não gostam, sem conhecer de forma crítica, reflexiva e dialética.
Afinal, construir juizos de opinião informados e reflexão crítica da trabalho.
E os especialistas, claro, são acadêmicos que estudaram anos sobre um tema, mas que não sabem nada comparado com quem viu alguns vídeo e fotos em redes sociais.
Quanto a identidade de classe
Quanto a literatura
cf lista da fuvest
Quanto a poesia
Quanto a filosofia, não deixa de haver depreciações da crítica decolonial
"Em muitos casos, nossa fuga da consideração crítica do pensamento importado (memento Guerreiro Ramos e Roberto Schwarz), e nosso receio de filosofar sobre temas e problemas, apenas reproduzem - agora de modo supostamente não-eurocêntrico, anti-patriarcal, não-ocidental, étnico - sempre o mesmo atávico Magistri dixerunt, fora de lugar"
https://aterraeredonda.com.br/reflexoes-sobre-a-filosofia-brasileira/#:~:text=Em%20muitos%20casos,fora%20de%20lugar
@VanRes1974
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