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domingo, 3 de março de 2024

243/24 Cancelamento e seus beneficiados (eleitorais e financeiros), por @vanres#2023

A respeito dos "cancelamentos", em tempos de redes sociais digitais e públicas, levanto uma hipótese.

Hipótese: Cada tentativa de cancelamento tende a levar ao sucesso, ao menos inicial, do "cancelado", devido não só a propaganda gratuita, mas principalmente por causa do apoio e engajamento de quem possui ideias semelhantes (conservador ou progressista; direita ou esquerda; etc) e veem o cancelado como injustamente vilipendiado e silenciado.

A respeito dos cancelamentos seria necessária uma análise mais densa, com uso de dados estatísticos e não só exemplos anedóticos, como usarei a seguir. Entretanto, deixemos isso para outro momento. Agora, façamos algumas elucubrações e divaguemos.

Detalhe, a busca é construir uma leitura dialética.
Então, neste 1º texto, apresento argumentos que corroborem a hipótese. 
Em 2º texto, apresentarei os argumentos contrários a hipótese. 
E em um 3º texto, espero alcançar uma síntese dialética.

Cito alguns exemplos anedóticos que corroborem a hipótese.

Segundo matéria do JB online, publicada ao final de 2023:

Campanha bolsonarista contra filme de Lázaro Ramos tem efeito contrário (...) Esta não é a primeira vez que seguidores de Bolsonaro tentam boicotar um filme. Anteriormente, eles se empenharam em um boicote contra "Marighella", de Wagner Moura, que acabou se tornando a maior bilheteria brasileira de 2021 Por B MAIS redacao@jb.com.br

disponível em: https://www.jb.com.br/cadernob/b-mais/2023/11/1047408-campanha-bolsonarista-contra-filme-de-lazaro-ramos-tem-efeito-contrario.html#:~:text=Campanha%20bolsonarista%20contra,jb.com.br; último acesso: 02mar2024

Com a repercussão de "Opaió" e " Marighella", surgem mais dois casos de cancelados, com um viés ideológico progressista, que se deram melhor por serem cancelados.

 Um outro exemplo cinematográfico significativo, mas a partir de um vies conservador: "Sound of freedom". Um filme estadunidense recebeu uma cobertura em grupos e comunidades neoconservadoras dos EUA e ao redor do mundo. O que levou um filme medíocre, por parâmetros cinematográficos ou de cinema comercial, a atingir um audiência extraordinária.

Segundo o site box office mojo, que acompanha a arrecadação nos Estados Unidos e global dos filmes de maior audiência; 

  • Classificação 25: 
  • "Sound of Freedom"
  • arrecadação: $250,570,396 de arrecadação
O filme arrecadou mais do que as megaproduções Napoleon, The Marvels. Shazam. 

Retomemos nossa discussão sobre cancelamentos. 

Embora não fosse esse o nome, de certa forma, o "cancelamento"/ censura/ silenciamento ocorre desde que o ser humano começou a contar histórias. 

O que são a Bíblia, Ilíada e Odisseia, a História de Heródoto, as crônicas com as façanhas dos Reis e Nobres, Lusíadas, Bhagavad Gita, o Alcorão, Tao te Ching, senão histórias que contam um lado da história censuram/ silenciam/ cancelam outros. 

Nesses casos contam o lado dos vencedores e estereotipicizam o lado dos vencidos.

Com uma exceção ou outra, a história a partir do ponto de vista / foco narrativo do "vencido" começou a ser valorizada e publicizada em torno de dois séculos atrás, sobretudo a partir, na literatura, do romantismo no início do século XIX.
Não o primeiro, mas um romance símbolo: Les Miserables, de Victor Hugo.

 Até algumas décadas atrás a censura funcionava na maioria das vezes, mesmo que não de forma absoluta, pois não faltaram cancelados que se tornaram grandes nomes da filosofia, da sociologia, da literatura. Karl Marx e Engels, Nietzsche, Lênin, Trotsky.
Foram alguns dos mais cancelado e censurado, que hoje são referências incontornáveis em suas áreas de atuação e outras. 

Na 3ª decada do século XXI, em tempo de mídias sociais digitais e informação quase instantânea,  paradoxalmente, a visibilidade desses silenciamentos /cancelamentos é imensa.

E, muitas vezes, nesses nossos tempos, os cancelamentos acabam funcionando de uma forma várias vezes frutíferas para os "cancelados"/censurados.

Na manhã de 04/11/2023, quando fiz o primeiro rascunho desse texto, acompanhava alguns temas no X. Vi ao menos duas campanhas de cancelamento.

Pelo campo progressista, o alvo era Jorge Pontual, comentarista internacional da Globo News, devido a suas explicações sobre as justificativas de Israel para o ataque às ambulâncias, em Gaza, em 03/11/2023. Perceba que escrevi que Pontual apresentava "explicações sobre as justificativas" e não "justificativas". 

Pelo campo pelos conservadores, demandava-se um boicote ao novo filme do Lázaro Ramos, "O Paoió 2", devido ao apoio de Lázaro Ramos a Lula, na campanha eleitoral de 2022.

Essas propostas de cancelamento acabaram gerando uma visibilidade muito maior:

  •  à GloboNews, que poucas vezes foi tão comentada e assistida, e 
  • ao novo filme de Lazaro Ramos - que muitos progressistas comentavam que não teriam como não assistir ao filme, para apoiar um perseguido / cancelado / censurado pela "extrema direita".
De certa forma, até um partido político tem se beneficiado da censura/cancelamento dos últimos anos: O Partido da Causa Operária: PCO. 

Sem representantes em legislativos ou executivos, o PCO não é um sucesso de voto, nem de eleitores, mas atingiu um público bastante amplo nos canais digitais, devido a uma série de bloqueios de conteúdos pela justiça, sobretudo pelo STF.
Quanto mais "censurado" pela justiça e "cancelado" pela esquerda e centro-esquerda, mais aumentam:

  • audiência e os seguidores em mídias sociais;
  • as referências na mídia "pequeno-burguesa" e corporativa e nos canais e mídias de direita e extrema direita;
A cada "perseguição", "censura", "cancelamento", mais seguidores virtuais, ao menos.

Veremos se em 2024, nas eleições municipais, o partido de Rui Costa Pimenta (RCP) se disporá a apresentar candidatos ao legislativo e executivo. E se apresentar, se consegue converter o apoio virtual em resultados eleitorais.

No caso do PCO, talvez no sucesso relativo no mundo virtual esteja vinculado ao fracasso absoluto no mundo real das eleições. Não há dados públicos, mas pelas interações e chats ao vivo e comentários posteriores das lives de RCP pode-se inferir que o público que se identifica ou acompanha o PCO está pulverizado em todo o pais, com vários exemplos de contribuições de brasileiros residentes no estrangeiro. 

O "cancelamento" e a "censura" também sempre fez, muito bem, de certa forma, ao ex-presidente Bolsonaro. 

"Em 2018, quanto mais o campo progressista falava "Ele não!" , mais ele crescia no campo conservador.

Outros exemplos: Alan dos Santos, do Terça Livre, atualmente "exilado" nos EUA, entre 2021 e 2022, a cada tentativa de censura e cancelamento, eu observava crescerem uns 50 a 60 mil seguidores no canal do YouTube Terça Livre, canal agora bloqueado/excluído.

Vide também vários deputados eleitos em 2022, com discurso conservador e principalmente reacionário ou até progressistas defensores de direitos e questões das minorias raciais e de gênero [que Extrema Direita e Extrema esquerda chamam de identitarismo].

Um exemplo entre tantos: o ex-jogador de volei, agora Dep. Federal Maurício:

Maurício Souza, acusado de homofobia, é eleito deputado federal em Minas

O ex-jogador de vôlei do Minas Tênis Clube e da Seleção Brasileira foi eleito deputado federal por Minas Gerais com mais de 83 mil votos, por Yasmin Rajab, postado em 03/10/2022 1

O ex-jogador de vôlei Maurício Souza (PL), com passagens pelo Minas Tênis Clube e Seleção Brasileira, foi eleito deputado federal por Minas Gerais com mais de 83 mil votos. O número coloca o atleta como o 37º deputado mais votado para a Câmara dos Deputados no estado. / Aliado do atual presidente Jair Bolsonaro, Maurício do Vôlei, como é conhecido, se candidatou pelo PL. O mais novo deputado federal deu fim à carreira de jogador no último ano, após ter o contrato rescindido pelo Minas. / Na época, o jogador foi acusado de homofobia após fazer diversas publicações nas redes sociais, que repercutiram na internet por serem vistas como homofóbicas. O ex-atleta também tem histórico de problemas dentro da Seleção Brasileira devido aos posicionamentos (Correio Brasiliense).

disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/10/5041620-mauricio-souza-acusado-de-homofobia-e-eleito-deputado-federal-em-minas.html ; último acesso:  02/03/2024, 20:24 

Comparemos o post de comemoração da vitória em Out/2023 com o Perfil, em 02/03/2024. 

Continuam seguindo o ex-atleta/deputado, 2.4 milhões de seguidores em out/2022 e em fev/2024.

Não disponho dos dados, mas seria interessante saber quando o Dep. Maurício conquistou seus 2,4 milhões de seguidores. Será que foi na carreira como jogador de volei do Minas e da Seleção, ou durante o processo de "cancelamento"?
Sinceramente, não tenho os dados para poder responder.
Se conhecer alguém que saiba como descobrir os dados da progressão de seguidores de uma conta, agradecerei imensamente a informação  


No mais, uma breve retomada da hipótese:
Ser cancelado, ou ser censurado, proporcional em temos de revolução tecnológica digital uma possibilidades de pessoas que expressam perspectivas polêmicas e extremistas como vítimas.

E nesses casos citados, em tempos "antissistema" e de redes sociais globais, rende, para vários, bons dividendos eleitorais e, até, financeiros!

@VanRes2023
02/03/2024

O fracasso inicial da cancelado blockbuster " The Marvels; agora sucesso no streaming:


""Uma das arrecadações mais baixas do Marvel Studios, As Marvels conquistou 206 milhões de dólares na bilheteria internacional diante de um orçamento robusto de aproximadamente 270 milhões. Apesar de ter amargado entre público e crítica no primeiro momento, o filme ganhou uma segunda vida após chegar ao Disney+.


Segundo Flix Patrol , a mais recente aventura da Capitã Marvel — e companhia — se tornou o filme mais visto da plataforma em todo o mundo, à frente de Moana e Elementos, que ocupam o segundo e terceiro lugares, e clássicos modernos como Frozen e Encanto. Sem dúvida, uma conquista tremendamente surpreendente a julgar pela má recepção que o filme teve em seu lançamento original."

 https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-1000068885/#:~:text=Uma%20das%20arrecada%C3%A7%C3%B5es,seu%20lan%C3%A7amento%20original.


Know More: 

“A few days ago, I’d asked an American academic friend of mine how his colleagues were reacting to this astonishing situation and he replied:

People are too scared to broadcast their views, I think…But I think a good fraction of even normie academics realize there is something monstrous going on.

This sounds plausible to me, and another senior academic I know reported a roughly similar situation. Fear stalks the land.

Students at our most elite universities have been threatened with permanent employment blacklisting if they supported the Palestinian cause, and a long list of Jewish billionaires have mounted similar attacks against the academic institutions themselves, something I cannot recall ever happening in the past. As a result, a legal analysis article commissioned and approved for publication in the prestigious Harvard Law Review was scrapped at the last moment.”

Famed Hollywood actress Susan Sarandon had spent decades as a prominent progressive activist, involved in a very wide range of political causes, many of them denounced as “anti-American” by her conservative opponents, and she earned the enthusiastic praise of her peers for her commitment. Yet when she recently showed some public sympathy for the Palestinians, a helpless people now being butchered by the thousands and perhaps soon by the tens of thousands, she was summarily “cancelled” by her longtime talent agency, and others have suffered a similar fate. Around the same time, Maha Dahkil, one of Hollywood’s top talent agents, was demoted and nearly fired for similar reasons. Even before the current fighting began, 80-year-old leftist rockstar Roger Waters of Pink Floyd had been vilified in the international media for supporting Palestinian rights and even bizarrely threatened with a German arrest warrant for supposedly glorifying Nazism.

https://www.unz.com/runz/american-pr

avda-gaza-and-the-anti-semitism-hoax/

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